Perdão – Como, quando e por quê precisamos do perdão de Deus?

Existe algo que você jamais poderia perdoar? Como, quando e por quê precisamos do perdão de Deus? Como saber se de fato eu recebi o perdão de Deus? Quem eu preciso perdoar? Conheça o processo pelo qual o perdão acontece!


Nada mais importante para o ser humano do que ser perdoado por Deus, mas como, quando e por quê nós precisamos ser perdoados?

Antes de tudo é preciso entender processo pelo qual o perdão acontece.

1. Aceitar que existe um problema

É preciso reconhecer que existe algo errado com nosso caráter e com nosso comportamento (Salmos 14.2-3, Ec 7.20).

A dificuldade em reconhecer que existe este problema acontece principalmente por dois motivos:

a) Se comparar com outras pessoas, que cometem erros “piores” (Gl 6.3-5).

b) Tentar enxergar a própria sujeira se olhando no escuro (1Jo 2.11). É preciso haver luz! (Jo 12.35, Ef 5.11).

E essa luz é Jesus Cristo! (Is 9.2, Jo 1.4, Jo 8.12).

Jesus é nosso modelo de comportamento, atitudes e pensamentos (Fp 2.5, 1Co 11.1).

Somente quando nós nos comparamos a Jesus Cristo é que passamos a entender a necessidade de sermos perdoados. Nós não temos condições de permanecer na luz sem nos incomodarmos com a nossa sujeira. A partir daí nós temos duas opções: ou sermos limpos ou voltar para as trevas (Jo 3.19-21). E para sermos limpos, entra a segunda parte no processo do perdão, que é o arrependimento.

2. Arrependimento

Arrependimento é muito mais do que uma simples emoção ou tristeza. Arrependimento é uma mudança de mente (Rm 12.2), uma mudança de atitude (At 26.20, Mt 3.8). É seguir numa direção oposta a qual você estava seguindo (Ef 4.28). O arrependimento é uma decisão definitiva, sem volta (Lc 9.62, 2Pe 2.21-22). Sem arrependimento não há perdão, não há cura e não há salvação! (Lc 13.5, Mt 13.15).

E para tomar essa decisão nós precisamos entender a forma como Deus concedeu seu perdão, afinal, Deus não esqueceu meus erros e simplesmente me considerou inocente, na verdade eu já fui julgado e condenado pelo meu pecado (Ef 2.1-2). Existia um preço a ser pago (Cl 2.13-14) que eu não teria condições de pagar. Foi então que Jesus Cristo tomou meu lugar e se ofereceu como sacrifício pelos meus pecados (Rm 5.8), ou seja, aquele que me perdoou se ofereceu como sacrifício.

Esse é o princípio: para ser perdoado é preciso arrependimento (At 3.19), e para perdoar é preciso pagar um preço (1Co 7.23), é preciso sacrifício.

Agora, como saber se realmente eu me eu arrependi e recebi o perdão de Deus? Através da terceira, quarta e quinta parte do processo do perdão:

3. Perdoar a si mesmo

Pode até parecer algo simples, mas muitas pessoas tem dificuldade de entender a extensão do perdão de Deus e se sentem culpadas por pecados que já foram perdoados.

Se houve arrependimento, Deus perdoou todos os nossos pecados (Cl 2.13), do mais antigo ao mais recente, do mais simples ao mais grave (Is 55.7, Lc 7.47-48).

A Bíblia ensina que é como se Deus tivesse lançado nossos pecados nas profundezas do mar (Mq 7.19) e não se lembrasse mais deles (Is 43.25, Jr 31.34).

E como nós não deixaremos de pecar (1Jo 1.10), o perdão de Deus abrange inclusive os pecados futuros (Jo 13.10, Ap 2.4-5), porém, nossa luta agora deve ser contra o pecado (Hb 12.4). Mas quando ele acontecer, deve haver arrependimento, devemos confessar esse pecado a Deus (Sl 32.5) para sermos perdoados (1Jo 1.8-9).

Leia também: “Como andar em Santidade?“.

O que não pode acontecer é o pecado consciente, praticado de forma intencional, que não gera arrependimento e, se não gera arrependimento, não há perdão (Hb 6.4-6).

E vale lembrar que apesar do perdão de Deus, pecados geram consequências maiores ou menores de acordo com a gravidade ou intensidade do pecado (Gl 6.7-8). Vamos supor que você matou alguém no passado e ninguém ficou sabendo, e você entregou sua vida a Cristo, o que acontece? Você é perdoado por Deus, mas precisa se entregar para a justiça e cumprir a pena (Tg 4.17). Isso faz parte da caminhada com Deus, ou seja, você não está mais sozinho para enfrentar as consequências (Fp 4.12-13).

Por isso que, uma vez perdoado por Deus, não deve mais haver o sentimento de culpa, porque isso seria duvidar da eficácia do perdão e do sacrifício de Cristo (Hb 10.10-14).

E também não é preciso pedir perdão mais de uma vez pelo mesmo pecado! Se você se arrependeu e pediu perdão, está perdoado! Pedir perdão repetidas vezes pelo mesmo pecado é sinal de remorso e não de arrependimento (2 Co 7.10).

Agora, algo geralmente mais difícil do que perdoar a si mesmo é pedir perdão ao próximo.

4. Pedir perdão ao próximo

A dificuldade aqui está na necessidade de se humilhar e reconhecer o erro (Lc 6.42).

E uma dúvida bastante comum é que “se eu já pedi perdão pra Deus, eu ainda preciso pedir perdão pra pessoa?” Sim, é um mandamento! (Mt 5.23-26). “Mas se a pessoa já morreu?”, neste caso pedir perdão a Deus é suficiente, ou então você pode procurar um familiar da pessoa.

E como vou saber para quem devo pedir perdão? O Espírito Santo te faz lembrar da pessoa e também causa um incomodo quando você encontra com ela (Jo 14.26). E é claro que você pode orar e pedir a para Deus te revelar quais são essas pessoas.

Como deve ser meu pedido de perdão?

a) Levantar a dívida

O pedido de perdão ao próximo devo ser específico, não funciona dizer “desculpa qualquer coisa”. Você precisa “levantar a dívida”, ou seja, dizer exatamente o que aconteceu e reconhecer o erro (Tg 5.16).

b) Evitar justificativas

É preciso cuidado para que o pedido de perdão não venha acompanhado de justificativas, dizer que errou porque “estava nervoso” ou porque “teve um problema com o chefe” etc, é preciso assumir a responsabilidade pelo erro, independente das circunstâncias (1Pe 5.6). Podemos explicar uma situação, mas não devemos fazer uso dela para manipular a consciência alheia, minimizando a gravidade do nosso pecado ou até mesmo colocando a culpa em uma terceira pessoa.

E se, mesmo diante disso, a pessoa não te perdoar, o problema será dela. A sua parte foi feita (Lc 6.33-35), já houve arrependimento, e esse é o papel de quem é perdoado.

E finalmente, talvez o ponto mais difícil no processo do perdão: perdoar o próximo!

5. Perdoar o próximo

No final da oração que Jesus ensinou em Mateus 6 diz: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” (Mt 6.12)

Na sequência Ele explica: “Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas.” (Mt 6.14-15)

Por isso que perdoar o próximo não é opcional, muito pelo contrário, é requisito fundamental, inclusive para salvação (Mc 11.26).

E se eu preciso perdoar, em primeiro lugar eu preciso saber o que é perdoar.

O que é perdoar?

Perdoar é mais do que simplesmente abandonar o ressentimento e o desejo de vingança, perdoar é permitir que aquele que foi perdoado, de alguma forma, se aproxime (Ef 2.13). Não significa que essa pessoa vai se tornar seu melhor amigo, mas algo precisa ser restaurado (Ef 2.16). Perdoar não é somente desconsiderar uma dívida, perdoar é assumir a dívida. Para perdoar é preciso pagar um preço (1Co 6.20).

Existe algo que você jamais perdoaria?

É possível perdoar uma pessoa que cometeu um abuso sexual ou até mesmo um assassinato? É possível perdoar quando o dano causado é tão grande? Se a Bíblia diz que eu preciso perdoar para ser perdoado por Deus (Jo 20.23), significa que de alguma forma isso tem que ser possível.

Jesus ilustra essa situação com uma parábola, em Mateus 18, onde um homem que devia uma quantia impagável ao rei, nem que ele trabalhasse por 100 anos ele não conseguiria pagá-la. E ele implora ao rei por misericórdia, e o rei perdoa a dívida. Logo depois, este mesmo homem encontra alguém que lhe devia uma quantia extremamente inferior, equivalente a mais ou menos 100 dias de trabalho. Essa pessoa implora por misericórdia, da mesma forma como ele implorou ao rei, porém, ele não perdoa e exige que essa pessoa pague cada centavo. E, por causa dessa atitude, o rei voltou atrás e exigiu que ele também pagasse cada centavo da sua dívida. (Mt 18.23-34).

E o significado desta parábola é muito claro, a dívida com o rei é a nossa dívida com Deus. E a dívida menor é a dívida que nós devemos perdoar o próximo! Não perdoar é agir como o homem da parábola, e a consequência é a mesma (Mt 18.35).

Mas como isso é possível? Como a dívida de um homem com Deus poder ser maior do que a dívida que um assassino tem com os pais da vítima?

Leia também: “O que é Amor?“.

O preço da nossa dívida

Realmente, se você não souber o tamanho da sua dívida perdoada por Deus, fica praticamente impossível perdoar algo assim!

a) O que o pecado representa para Deus

Para saber o tamanho da nossa dívida com Deus é preciso entender que a gravidade do menor pecado é gigantesca se comparada ao nível de santidade e perfeição de Deus (Is 55.8-9). Não é o que o pecado representa para nós, que somos falhos e que pecamos (Is 64.6), mas é o que o pecado representa pra Deus, um ser santo (1Pe 1.16) e perfeito (Mt 5.48) que nunca pecou (Tg 1.13).

b) O problema é contra quem nós pecamos

Não foi contra um ser humano, mas foi contra o criador do Universo (Êx 3.14, Mt 10.28), contra um ser eterno, onisciente, onipresente e onipotente! O fato de não crer em Deus, ignorar sua existência, seus mandamentos e o seu juízo, é algo gravíssimo (Jo 16.8-11, Sl 14.1, Rm 3.10-18, Rm 2.4, Dn 9.9-10), pois a partir daí é que surge todo tipo de pecado, da simples mentira ao assassino.

O tamanho de uma dívida é medido pelo preço a ser pago. É assim que funciona! Qual seria nossa punição pelo pecado? A eternidade no inferno (Mt 25.46), esse era o preço! Mas o que aconteceu? Jesus pagou o preço! (1Pe 1.18-19). Por isso o sofrimento de Jesus foi tão grande. O preço era muito alto!

E o mais impressionante é que, mesmo sem merecer, nossa dívida foi paga (2Co 5.21), e nós ainda recebemos o dom da Vida Eterna (Rm 6.23). Jamais esqueça isso: além da dívida paga, nós também recebemos a Vida Eterna!

Por isso que nós, uma vez perdoados por Deus, devemos perdoar nosso próximo, independente do que ele tenha feito. Entender que Deus julga com sua justiça que é perfeita (Rm 2.2,5). Se houver arrependimento, não há mais condenação (Rm 8.1), mas se não houver arrependimento, a condenação será terrível.

Lembre-se: um assassino convertido deixará de matar e poderá salvar vidas através de Cristo.

Não cabe a nós o julgamento (Lc 6.37, 1Co 4.5), pois de uma forma ou de outra, nós estávamos na mesma situação (Rm 2.1, Is 59.2), foram nossos pecados quem levaram Jesus Cristo para a cruz (Rm 4.25). Nossa obrigação agora é perdoar como Ele nos perdoou (Cl 3.13, Ef 4.32).

Perdoar é uma atitude

Perdoar é uma atitude, é uma decisão! Ninguém sente vontade de perdoar. Perdoar é como tratar uma ferida infeccionada, ninguém quer abrir a ferida e jogar álcool pra limpá-la, isso vai doer muito! Mas depois você fizer isso, você vai poder fechar esta ferida de vez, e a dor vai diminuir com o passar do tempo, e o tempo só cura feridas que foram tratadas (Lc 10.33-34). Por isso também que perdoar não é esquecer o que aconteceu, afinal você vê a cicatriz, pode tocá-la, mas não há mais dor.

Quantas vezes devo perdoar?

Quantas vezes forem necessárias! (Lc 17.3-4, Mt 18.21-22)

Quando devo perdoar?

O mais rápido possível, Jesus disse “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23.33-34) no momento em que ele ainda estava sendo pregado na cruz.

Se você entendeu o que está em jogo no fato de perdoar ou não, com toda certeza você vai encontrar forças para perdoar! (2Co 5.14-15).

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