O Sexo e a Bíblia

O que a Bíblia ensina a respeito do sexo? Ela realmente proíbe o sexo antes do casamento? Ensina que masturbação é pecado? Será que Deus estabeleceu limites para o sexo? Saiba da importância em conhecer o poder existente no sexo e, principalmente, os princípios pelos quais Deus o criou.


O que você sabe sobre sexo?

Baseando-se nos conceitos do mundo, quanto mais cedo se inicia a “experiência” com o sexo, maior será o entendimento sobre o assunto e melhor será o desempenho sexual no futuro. Mas será que isso realmente é verdade?

Será que se entregar ao sexo sem conhecer bem o seu propósito e o seu poder e, muitas vezes, sem ter a responsabilidade necessária para lidar com as suas consequências, seria mesmo a melhor opção?

A única fonte segura que nós temos para responder essas perguntas é a Bíblia, afinal, ninguém melhor para nos ensinar sobre sexo do que aquele que criou o sexo (At 17.24a).

O prazer do sexo

O sexo é capaz de gerar um dos maiores prazeres que nós podemos experimentar na vida (Pv 5.18-19). É algo que mexe com os sentimentos, as emoções e os desejos mais profundos de uma pessoa.

O grande problema é que isso pode acontecer tanto de maneira positiva, quanto negativa; pois apesar do sexo ter sido criado por Deus como algo bom, puro e perfeito (Gn 1.31), após a entrada do pecado no mundo, o homem adquiriu a capacidade de também utilizá-lo para o mal (Mc 7.21-23).

A única possibilidade que temos de desfrutar de todos os benefícios proporcionados pelo sexo, sem ser dominado e aprisionado por ele, é se voltando à Deus e ao que Ele nos ensina sobre o sexo (Pv 5.1-2).

O poder do sexo

Deus não apenas criou o sexo, como também fez dele um mandamento. Na primeira vez em que falou ao homem, a ordem foi: “Sejam férteis e multipliquem-se!” (Gn 1.28), algo que só é possível através do sexo.

Uma outra direção que Deus deu ao homem, relativa ao sexo, foi que em um determinado momento de sua vida, ele deveria deixar seus pais e se unir a uma mulher (Gn 2.24).

Ao mesmo tempo em que o sexo tem o poder de multiplicar e gerar novas vidas, ele também tem o poder de unir duas pessoas em uma só carne (Mc 10.7-9, Ef 5.31).

O propósito do sexo

Sexo exige responsabilidade e entendimento (Pv 7.1-5). Por essa razão é fundamental compreender não só o poder que existe no sexo, mas principalmente os propósitos e princípios pelos quais Deus o criou.

1. Família

O primeiro deles é formar famílias, não apenas gerar filhos (Sl 127.3). Afinal, a vida de uma criança depende de cuidados; necessita de amor, carinho, sustento. Inclusive, é de responsabilidade dos pais a educação e a formação do caráter de uma criança (Pv 22.6).

Simplesmente “colocar filhos no mundo” sem se preocupar com isso é se desviar do principal propósito do sexo (1Tm 5.8). E para evitar que isso aconteça, outro princípio de Deus para o sexo é o compromisso, ou seja, o casamento (1Co 7.2).

2. Casamento 

A Bíblia não considera o sexo por si só como um casamento, ela ensina que antes da relação sexual entre um casal é preciso haver um testemunho público do compromisso entre o homem e a mulher (Mt 1.18-19, 1Co 7.9, 1Co 7.36, Hb 13.4).1

Contudo, uma vez estabelecido esse compromisso diante da lei e dos homens, é a relação sexual que consolida o casamento diante de Deus (Gn 24.67).

E a partir daí, os dois se tornam uma só carne. A Bíblia ensina que agora o corpo do homem pertence à sua esposa, e o corpo da esposa pertence ao homem, e que um não deve negar-se ao outro (1Co 7.4-5a).

3. Proporcionar prazer ao cônjuge

É aí que nós podemos compreender mais um importante propósito do sexo: proporcionar prazer ao outro (1 Co 7.3), ao “dono” do seu corpo. Sexo é dar ao outro o que lhe pertence (Ct 2.16).

Por essa razão é que o auto-prazer, fruto da masturbação, é uma deturpação do sexo. O princípio bíblico do prazer sexual é proporcioná-lo não a si próprio, mas ao cônjuge (Ct 1.2, Ct 4.10).

A imoralidade sexual (porneia)

Qualquer relação sexual fora do casamento, independente do contexto, é imoralidade sexual (1Ts 4.3); considerada por Deus como prostituição (1Co 6.18).

O termo grego utilizado para as relações sexuais ilícitas é porneia (πορνεία – por-ni’-ah). Podendo se manifestar através do adultério (Mt 19.9), quando uma das pessoas é casada; fornicação (Mt 15.19), se a relação sexual for entre duas pessoas solteiras; incesto (1Co 5.1), quando envolve parentes próximos; homossexualidade (Rm 1.26-27), quando envolve pessoas do mesmo sexo; pedofilia (Ef 5.12), se envolver crianças; e bestialidade (Dt 27.21), se envolver um ser humano e um animal.

As consequências do sexo ilícito

As consequências para quem pratica a imoralidade sexual são quase sempre destruidoras, principalmente para o cristão, que profana o seu corpo que é templo do Espírito Santo, e faz uma aliança com a prostituição (1Co 6.15-20).

Onde começa o pecado sexual?

Mas será que o pecado sexual está relacionado somente ao ato físico ou começa antes disso?

Jesus disse que qualquer um que colocar os olhos em uma mulher para a cobiçar, já adulterou com ela em seu coração (Mt 5.28).

Essa passagem nos revela que o pecado sexual começa muito antes do que normalmente se imagina (Mt 15.19). Mas também é claro que não se trata de um simples olhar, vai além da apreciação da beleza ou de uma atração natural, o pecado está em desejar sexualmente alguém que não lhe pertence (Dt 5.21).

E, muitas vezes, esse desejo sexual pecaminoso, atua na mulher de forma diferente do que atua no homem. Enquanto no homem está mais ligado ao desejo no olhar (Pv 6.25), geralmente na mulher, está no comportamento sensual e na exposição do corpo, para ser desejada (1Tm 2.9a, Pv 11.16). Despertando no outro um desejo que não pode ser licitamente suprido.

O desejo sexual pecaminoso (aselgeia)

A palavra grega utilizada pela Bíblia para se referir a este tipo de pecado é aselgeia (ἀσέλγεια – as-elg’-i-a), e está associada à uma série de desejos sexuais pecaminosos, pode ser traduzida como lascívia (Gl 5.19), luxuria, sensualidade (1Pe 4.3) ou pornografia, mas também está ligada a uma completa devassidão e indecência (Rm 13.13). Quando já não há preocupação com o testemunho diante das pessoas (Ef 4.19). O desejo pelo sexo e a busca por satisfação, já se tornaram muito mais importantes do que a obediência e o temor a Deus (Rm 1.24).

O perigo deste tipo de pecado é que ele quase sempre começa de forma aparentemente inofensiva (Pv 14.12), muitas vezes trata-se apenas uma foto que você publicou ou de um perfil que você começou a seguir nas redes sociais.

A questão é que com o tempo aquilo que um dia foi causal pode se tornar um hábito, e o hábito em um vício completamente destruidor (Tg 1.14-15), ao ponto de Jesus dar uma das declarações mais radicais contra o pecado, que encontramos na Bíblia, onde ele diz:

“Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E, se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno.” Mateus 5.29-30 

Consequências eternas

Além do pecado sexual ser capaz de comprometer completamente a vida sentimental, social e psicológica de uma pessoa (Pv 5.20-23), ele pode ter uma consequência muito pior: a condenação eterna (Ap 21.8).

Por essa razão, a Bíblia é taxativa em afirmar que a atitude contra o pecado precisa ser radical (Jó 31.1, Hb 12.14), e que andar em santidade não é uma opção, é um mandamento (1Pe 1.15-16). Quem vive na impureza, praticando a imoralidade sexual ou alimentando desejos sexuais ilícitos, seja em si próprio ou nos outros, não herdará o Reino de Deus (Ef 5.5, Gl 5.19-21).

Arrependimento

O único caminho é o arrependimento (At 17.30). Jesus Cristo está pronto para perdoar e purificar (1Jo 1.9) todo aquele que se arrepende do pecado e decide viver uma nova vida (Ef 2.1-7). É preciso uma decisão seguida de uma mudança de comportamento (Hb 10.26-27).

Jesus é o único que pode transformar nossas mentes e restaurar completamente nossas vidas (Cl 1.13-14), independente daquilo que já experimentamos nessa área (Hb 9.14). Em Cristo nós somos nova criatura e tudo se faz novo (2Co 5.17), inclusive nossa sexualidade.

A vontade de Deus

A vontade de Deus é que tanto o homem, quanto a mulher, se guardem para o casamento (Gn 24.15-16, 2Co 11.2, Lv 21.13-15). Tanto é que a ordem de Deus para um casal que está tendo dificuldade em se controlar não é de se entregar ao sexo, mas assumir um compromisso através do casamento (1Co 7.9).

É claro que permanecer virgem até o casamento é um desafio muito grande (Rm 12.2), principalmente por causa da pressão da sociedade (1Jo 5.19), que incentiva cada vez mais o envolvimento precoce com o sexo (Sl 14.1).

Mas a verdade é que não só a Bíblia, como até mesmo estudos científicos, revelam que a antecipação sexual gera sentimentos de insegurança, instabilidade emocional, ciúmes, e também desenvolve uma predisposição à infidelidade conjugal. 2

O melhor caminho

É preciso fé, sabedoria e paciência para esperar em Deus (Ec 3.1, Pv 19.14), ou seja, descartar qualquer relacionamento amoroso fora do tempo, do propósito ou as condições necessárias para um casamento (Pv 24.27).

Enquanto isso, o ideal é conhecer melhor a Deus (1Co 7.32-34) e conhecer melhor as pessoas (1Tm 5.1-2). Muitos ignoram o fato de que Deus estabeleceu a amizade e o compromisso como os pontos principais de um relacionamento (Ef 5.33, 1Pe 3.7), e não o sexo.

Além do que o fato de não ser levado apenas pela atração física (Pv 31.30), é fundamental para se conhecer verdadeiramente uma pessoa, conhecer suas motivações, seus ideais, seus sonhos e, principalmente, seu relacionamento com Deus (Mt 12.33).

Agora, se o simples contato físico de um namoro já dificulta tudo isso, imagine o sexo (2Tm 2.22)! O sexo é o ponto máximo da intimidade entre duas pessoas e, por isso, jamais deve acontecer antes da amizade e do compromisso (Mt 1.24-25).

Leia também: “O que é Amor?“.

O sexo abençoado por Deus

Não vale a pena correr o risco de pecar indo além daquilo que convém (1Co 6.12-13). No namoro, por exemplo, se limite ao que pode ser feito na frente de outras pessoas, sem causar nenhum tipo de constrangimento (Fp 2.15).

Já no casamento, seja completamente livre para desfrutar do sexo. Apenas tenha o cuidado para não introduzir à relação, elementos externos que sejam fruto da pornografia (Ct 4.12, Hb 13.4).

No mais, a vontade de Deus é que você tenha uma vida sexual plena e proporcione todo o prazer necessário ao seu cônjuge (Ct 7.6-13). Não existe culpa nenhuma nisso, afinal, no casamento a ausência de sexo que é pecado.

Da mesma forma que a Bíblia proíbe o sexo fora do casamento, ela ordena o sexo dentro do casamento  (1Co 7.3). A única exceção é se houver comum acordo entre o casal para se dedicarem a oração, mas isso é somente por um curto período, do contrário, um deve suprir a necessidade do outro (1Co 7.5).

Desfrutar do prazer e da intimidade sexual com alguém que você ama (Pv 18.22), dentro de um contexto onde existe a benção de Deus (Jo 14.27), vai muito, mas muito além, da visão extremamente limitada que o mundo tem a respeito de sexo.

Notas:

Havia três etapas em um casamento judeu. Primeiro, as famílias dos nubentes concordavam com a união. Depois, era feito um anúncio público. Neste momento, o casal estava oficialmente noivos. A cerimônia era semelhante ao noivado hoje, a não ser pelo fato de que o relacionamento só poderia ser rompido em caso de morte de um dos nubentes ou de carta de divórcio (embora as relações sexuais não fossem permitidas). Então, os noivos se casavam e começavam a viver conjugalmente. Pelo fato de Maria e José estarem noivos, a aparente infidelidade de Maria levava consigo um severo estigma social. De acordo com a lei civil judaica. José tinha o direito de divorciar-se dela, e as autoridades judaicas poderiam ter mandado apedrejamento-la até a morte (Dt 22.23-24) – (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal)

MCLLHANEY JR, Joe e BUSH, Freda McKissic. Hooked: New Science on How Casual Sex is Affecting Our Children. Northfield Publishing, 2008.

Este post tem um comentário

  1. Ok

    Parabéns pelo conteúdo, muito esclarecedor e repleto de base bíblica.

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